O ano de 2023 deverá ser lembrado como o de consolidação da retomada do setor hoteleiro após a pandemia. Com grande ajuda do turismo doméstico e da demanda reprimida pelos anos de isolamento, a hotelaria pôde respirar mais tranquila e comemorar bons números. Esse cenário, no entanto, não é o que os especialistas esperam que continue em 2024.
“Novos desafios vão surgir diante dos sinais de desaceleração econômica que já estão sendo mostrados, como a queda de 11% no setor terciário – que inclui varejo e serviços – e a projeção de diminuição do PIB no próximo ano”, alerta Mariana Chetto, líder de RM da Téssera com dados trazidos da participação no evento Hotel Trends Budget, em agosto.
Segundo ela, uma das principais percepções do evento foi de que a demanda reprimida experimentada pelo segmento – e que levou a um boom de vendas – já chegou ao fim. Somado a isso, há a expectativa de que os brasileiros vão, cada vez mais, retomar as viagens para o exterior, já que a demanda internacional ainda está 17% abaixo dos índices pré-pandemia.
Uma pesquisa respondida pelas lideranças de 425 empreendimentos hoteleiros em 23 estados e 148 cidades confirmam o cenário: as respostas apontam para desaceleração em comparação a 2023, com crescimento de DM( Diária Média) em menor proporção que o crescimento obtido de 22 para 23. A maioria espera aumento de DM entre 0 a 10%, com maior concentração na faixa de 5 a 10%.
Como crescer em 2024?
Ciente desse contexto, essa é a pergunta que o hoteleiro otimista, mas cauteloso, deve se preparar para responder na elaboração do seu planejamento financeiro para o próximo ano. “A oportunidade de crescimento estará na geração de receitas adicionais e na eficiência operacional, ou seja, desassociada do crescimento orgânico”, diz Mariana, reforçando esse ponto como mais um consenso em todas as discussões apresentadas no evento.
Ela destaca alguns exemplos práticos exigidos por esse posicionamento:
- Oferta de serviços agregados (upselling e crosselling) envolvendo os colaboradores nesse esforço;
- Investimento em tecnologia e melhoria de processos;
- Renovação de estrutura, acomodação e serviços, bem como a elaboração de uma política de ESG (environmental, social and governance);
- Acompanhamento e avaliação de dados e informações, inteligência de mercado e gestão de receita para garantir melhor resultado.
“Manter o que foi recuperado até aqui e seguir sem queda de preço vai exigir um grande esforço”, analisa Mariana. “Não adianta ficar preso somente aos números na hora da construção do orçamento, é importante trazer a visão de valor agregado ao produto oferecido, se colocando no lugar do hóspede em termos do que ele deseja em conforto e experiência”.