O Hotel Trends: Budget 2023 reuniu especialistas, consultores e hoteleiros em torno de questões relevantes para responder a perguntas como: quais os impactos do momento macroeconômico atual para o setor? O que deve ser levado em conta na precificação diante da inflação? O ano de 2023 irá manter o boom que vem ocorrendo, principalmente para o perfil lazer?
Para Mariana Chetto, líder de Revenue Management da Téssera Hospitality presente ao evento, as respostas apontadas nas apresentações e discussões mostram que o momento é de cautela para a preparação do budget 2023. “Nunca foi tão importante analisar e perceber as especificidades de cada perfil, de cada região, de cada público para traçar as estratégias de RM na hotelaria como agora”, afirma.
À frente da gestão comercial de 16 empreendimentos hoteleiros no Brasil, ela convive com essa diversidade de micro cenários, o que contribui para uma visão mais precisa das tendências do mercado que devem ser consideradas na precificação. O fim do boom pós pandemia é uma delas – aquela demanda reprimida que foi determinante para os resultados do segundo semestre de 2021 e do primeiro de 2022 já não é mais relevante quando se fala em perfil de lazer.
“Já para o corporativo, o momento atual é mais promissor porque agora acontece uma consolidação da retomada, com a volta dos eventos e viagens de negócios, que vem inclusive trazendo aumento da diária média em alguns casos, a depender do desempenho econômico do segmento de negócio”, explica Mariana.
Regionalidades
Na questão econômica, apesar da crise ser um fator de impacto desfavorável, para o planejamento do budget é essencial pensar as especificidades de cada destino. Por exemplo, o Nordeste parece ter sido mais impactado com o aumento das passagens aéreas do que o Sudeste, que tem melhorado seu volume de vendas nos resorts, segundo dados da STR, empresa mundial de pesquisa no setor. Isso deve ser um ponto de atenção para a hotelaria de lazer nordestina.
Diante dessas particularidades, os especialistas são unânimes em dizer que o foco para obtenção de melhores resultados em 2023 deve ser a diária média e não a ocupação. “A demanda não deve crescer muito para o próximo ano e a estratégia de incremento de receita será direcionar esforços para recuperação do valor da DM, que ainda permanece abaixo dos anos anteriores à pandemia, principalmente no perfil corporativo“, diz Mariana, acrescentando que a previsão de aumento 2023, em relação a 2022, apresentada no evento foi de 3% a 5% para ocupação e 15% a 20% para DM, sempre considerando os aspectos de cada destino.
“Analisando o cenário exposto de forma macro, o que fica claro é que temos tanto pontos promissores, quanto desfavoráveis a considerar para o próximo ano, o que leva ao otimismo cauteloso nas projeções de receita que temos feito para os empreendimentos do nosso portfólio“, finaliza Mariana. “Acredito que a percepção das tendências do setor, com a reação correta, é o que fará diferença no incremento das receitas para o ano que vem”, afirma.