O turismo brasileiro ganhou novos integrantes após a pandemia. Conhecer esse público e atender suas demandas é essencial para a sobrevivência futura no setor. Mas, qual o perfil do novo viajante? Quem são as pessoas que, segundo especialistas, irão ditar o turismo muito em breve?
Primeiro, vale contextualizar que a retomada do setor foi bastante impulsionada pelas classes C, D e E – um estudo realizado pelo Google revela que quatro em cada cinco novos viajantes, ou 82%, pertencem a estes grupos socioeconômicos. Em relação à faixa etária, o resultado foi bem interessante. Os maiores de 65 anos, da geração baby boomers, e os jovens da geração Z, nascidos entre 1995 e 2010, compõem o grupo de maior entrada no turismo atualmente.
A perda de poder aquisitivo e o aumento de custos fez com que alguns viajantes habituais pré-pandemia deixassem de viajar. Geração Y/millenials (nascidos entre 1981-1995) foi a que mais perdeu espaço nas vendas on-line, segundo o Google. É esse cenário, apontando para a forte tendência de mudança de público, que vem definindo o comportamento e os interesses do novo turista brasileiro.
Mais viagens, contato com a natureza e roteiros curtos
A pesquisa ouviu mil brasileiros com idade a partir de 18 anos que são viajantes habituais ou pretendem viajar em breve. Os dados foram complementados com buscas feitas no site do Google Brasil.
Os resultados demonstram que o brasileiro tem preferido viagens mais curtas, de até 250 km, por terra, gastando menos e investindo em hospedagens com boa localização: buscas pelo termo “hotel bem localizado” cresceram 238% neste ano em relação a 2022; já ‘hotéis perto de mim” tiveram aumento de 412%. Outra busca recorrente é em relação ao destino – locais voltados para o ecoturismo tiveram aumento de 27% na procura.
“Estamos falando de um público que viaja mais, com menos dinheiro, deseja experiências reais, fogem do óbvio, procura por viagens ecológicas e sustentáveis, mais curtas, mais flexíveis (menos pacotes) e com menor rota”, reforça Mariana Chetto, da Téssera Hospitality. “ Precisamos estar atentos porque é esse o perfil que vem se fortalecendo. Destinos e produtos que ignorem estratégias para conquista desse público podem ser afetados”, complementa.
A geração Z é o grande destaque desse perfil por estarem chegando aos 20, 30 anos, com energia, disponibilidade e renda para realizar viagens. Essa geração pretende viajar bastante, são mais impulsivos na compra e querem roteiros personalizados, o que abre espaço para viagens temáticas. Como nativos digitais, são smart travellers e muito visuais. Têm como principal fonte de informação as redes sociais, reforçando a importância de ações básicas de atuação no mundo digital, como estar presente em redes como Instagram, Tiktok e Youtube. “O dever de casa para o empresário do setor é alinhar seu produto e sua comunicação com esse público”, diz Mariana.